terça-feira, 24 de maio de 2011

Crónica Semanal #27


Por às terça-feira, maio 24, 2011


Born This Way! Finalmente, volvidos dois anos desde a era “The Fame Monster”, eis que o mundo é, uma vez mais, tomado de assalto pelo génio criativo a que Lady Gaga nos tem vindo a acostumar ao longo da sua (ainda) breve carreira. Se na era “The Fame” ganhou projecção mundial através das músicas de batida cativante, munida de visuais que separavam o conceito de rebelde com o de coquete de modo ténue e genial, na era “Monster” assistimos a uma evolução musical e mesmo pessoal da artista que garantiu uma maior maturidade criativa, bem como o culminar (ou direi antes iniciar?) de uma relação mais estreita com os seus fãs. A transição destes dois períodos foi, por isso, uma triagem, que lhe garantiu um maior elo com os fãs que permaneceram fiéis ao seu génio, dispostos a acompanhar a sua vida e obra com redobrado carinho e admiração. Se nas fases anteriores Lady Gaga era ainda a jovem que se afirmava a passos largos na indústria musical, inflamando os ânimos mais conservadores, eis que assistimos à sua nova metamorfose, olhando agora não para um projecto, com expectativas e medos relativamente ao seu futuro, mas para o seu resultado final (será?), revelando um “novo” ser: forte, maduro, e, acima de tudo, indestronável.

Este novo álbum parece colocar toda a sua obra num patamar absolutamente distinto daquele a que nos tínhamos vindo a acostumar, evidenciando de modo inquestionável as inspirações lendárias que Gaga refere incansavelmente desde o início da sua carreira. Nomes como os “Queen”, “Black Sabbath”, “Pink Floyd” e “E-Street Band” não podem passar aqui despercebidos, não como vítimas de um plágio infundado a que os haters se referem de modo exaustivo e infundado, mas como verdadeiros mentores a antecessores deste novo génio, vendo o seu legado aproveitado e redefinido de modo complexo por esta jovem que, com apenas 25 anos, exala a atmosfera de cultura musical que se vive na eterna cidade de Nova Iorque. Este facto explica o carácter marcadamente vintage que rodeia este seu novo trabalho, que consegue conjugar estilos distintos tais como rock, pop, soft metal, disco e o inevitável dance num tributo que nos transporta para uma atmosfera bem ao estilo 80s, que, para além de uma vez mais vincular a sua capacidade criativa, revela também uma sensibilidade que pode transcender os mais desatentos, que (infelizmente) não serão capazes de compreender o alcance deste álbum, capaz de sensibilizar as novas gerações para estes estilos musicais cada vez menos em voga (até agora…).

O mérito de Lady Gaga poder-se-ia prender na complexidade musical que envolve “Born This Way” como uma das pérolas discográficas do século XXI, capazes de conjugar de modo assustadoramente improvável, mas, ainda assim, eclético toda uma panóplia de géneros musicais aparentemente inconfundíveis, mas isso seria desmistificar o místico, colocar no mero plano terreno algo que pode, e deve permanecer em todo o seu esplendor!
Poison TV