segunda-feira, 29 de julho de 2013

Lady Gaga: 'Eu sou todos os ícones'


Por às segunda-feira, julho 29, 2013

Lady Gaga, tal como havia prometido na tarde de domingo, revelou a capa do single de estreia do novo álbum, "Applause". 




O exclusivo foi dado à revista “Women's Wear Daily", que na madrugada desta segunda-feira revelou uma entrevista onde a cantora fala do processo de criação do seu 4º álbum de estúdio "ARTPOP".

“Eu quero saber. O que vês?” pergunta Gaga, a voz dela carrega uma combinação de curiosidade genuína, astúcia e de provocação inerente. A imagem em questão, estreou no WWD, é a capa do novo single da Gaga, “Applause”, o primeiro do quarto álbum de estúdio, que será lançado a 11 de novembro, pela Interscope records. Fotografada por Inez Lamsweerde e Vinoodh Matadin, a imagem é colorida, emocional e teatral, capturando Gaga com um rosto Pierrot, a maquilhagem em arco-íris artisticamente manchada e um invólucro na cabeça. Quando perguntada sobre a foto, na passada sexta-feira, por telefone, Gaga imediatamente rebateu: “Eu preciso de saber o que achou primeiro”, disse ela. “Caso contrário, não é arte.”

Ela está de volta.

“Applause”  é lançado a 19 de agosto – também a data de pré-venda  – 6 dias antes do MTV Video Music Awards, no Barclays Center, Brooklyn. Os VMAs marcará o retorno ao domínio do público depois de 6 meses longe dos holofotes. “ARTPOP" foi anunciado em agosto do ano passado, quando Gaga estava a meio da sua ambiciosa turné mundial, Born This Way Ball, que começou em abril, na Coréia do Sul, e terminou abruptamente em fevereiro, Montreal, quando uma grave lesão no quadril forçou Gaga a cancelar o resto dos concertos. “A minha lesão foi, na verdade, bem pior que uma simples lágrima labral”, disse. “Eu parti o meu quadril. Ninguém sabia, nem tinha dito aos meus fãs. Mas quando chegaram os resultados da ressonância magnética, antes da cirurgia, viram que existiam gigantes crateras, um buraco no meu quadril do tamanho de uma moeda de 20 cêntimos  e a cartilagem estava quase saindo no outro lado do quadril. Eu tinha uma rutura no interior das minhas articulações e uma enorme quebra. O cirurgião disse, se eu tivesse feito mais um show, talvez eu precisasse de uma substituição total da anca. Eu teria ficado, pelo menos 1 ano em recuperação, ou mais.”

A saída obrigatória dos holofotes era quase tão dolorosa quanto o próprio prejuízo para alguém que teria que deixar de atuar por mais duas semanas desde que tinha 14 anos. Gaga usou esse tempo para um agressivo programa de reabilitação, mas também para sair com a sua equipa, conhecida como a Haus of Gaga, incluindo Van Lamsweede, Matadin e Brandon Maxweel, diretor de moda da Haus, o seu cabeleireiro, a sua maquilhadora e outros amigos. Eles leram livros, ouviram música e trocaram presentes uns com os outros. “Eu tinha seis meses para reforçar o meu cérebro e o meu corpo. Eu tive que colocar uma folha branca sobre o assunto e rever de novo ARTPOP. Foi-me dado tempo para ser realmente criativa, porque é um processo de contemplação, realmente é. Eu tenho que olhar o meu trabalho por algum tempo para que ele seja bom. Eu tenho esse sentimento, aquela sensação maravilhosa, quando eu, a Inez e o Brandon olhamos uns para os outros e dizemos “Está muito bom. É isto mesmo!”

Inez e Vinoodh filmaram o vídeo “Applause” há cerca de uma semana, em Los Angeles. Os fotógrafos, que foram apresentados na primeira capa para a V Magazine em 2009, desde então, trabalharam em vários filmes com ela. Esta é a primeira vez que gravam um videoclipe para ela. Gaga escolheu a imagem da capa do vídeo porque pensou que mostraria uma lado diferente da sua atuação, uma parte vulnerável que o público não costuma ver. “É o fim da noite, depois dos concertos.”, diz ela. “Quando eu olho para a foto, eu vejo que há um desejo pelo aplauso. Vejo que há um vazio que está vazando no palco, que a arte está prestes a tornar-se em algo na frente dos olhos. Algo mais humano, mais honesto.” Gaga revelou ter chorado durante esta atuação para as câmaras. 

Quanto à música, os detalhes são limitados, mas, apesar das lágrimas e mímicas, “Eu vou-te contar, é muito divertido”, disse. “E é cheio de felicidade, porque o que estou dizendo na música é, essencialmente, que eu vivo para os aplausos. Eu vivo na maneira em que gritam e torcem por mim. Deem-me as coisas que eu amo. Põe as mãos em cima, fá-los tocar.” Neste momento, parece que está citando letras, mas novamente, não saberemos até o dia 19 de agosto.

Gaga escreveu “Applause” com DJ White Shadow, com quem está trabalhando há 5 anos. “Do fundo do meu coração, enquanto eu estava escrevendo, sabia que se eu pedisse [aos fãs] que torcessem por mim antes de cantar, ou se por acaso imaginasse, eles fariam isso o tempo todo para mim, antes mesmo de eu abrir a minha boca, já começavam a torcer por mim. E assim esta a exclamação: “Deem-me aquela coisa que eu amo. Deem-me. Eu estou pronta, que comece a música.” “Eu sou de Nova Iorque. Eu trabalho desde os cinco para ser uma estrela. Toda a minha vida. Eu mereço estar aqui. Estou pronta”. Novamente, estes poderiam ser trechos?

Desde o começo, ARTPOP foi anunciado não só como um álbum, mas um projeto, uma experiência multimédia que incluiu um aplicativo. Como o título sugere, “a questão [de ARTPOP] é que arte e pop podem ter um intercâmbio”, disse Gaga. Inez e Vinoodh disseram possuir um banco com mais de 300 fotos que tentarão editar e “colocá-lo lá fora, seja  num museu, na internet, na capa de um single, ou para a imprensa – tudo vai ter o seu momento.”

A componente de moda direcional parece ser como uma dádiva de uma artista que abraçou e foi abraçada pela moda, tanto na alta costura como na experimental. Ela menciona que o pano branco que a envolve na capa de “Applause” é um casaco Gareth Pugh. Mas quando perguntada se tinha uma grande influência maior em ARTPOP, ela responde virando a questão de volta ao repórter: “É interessante como você vê as coisas, e tu olhas tipo, eu sou um ícone pop, e [tu pensas] “É esta a imagem do álbum? É esta a direção? Quem teve a ideia?" Eu acho que isso é muito interessante porque é exatamente o tipo de coisa que estamos a tentar destruir. Isto é um casaco. Isto é uma imagem. Isto é um momento. Isto é uma afirmação.”

“Quando vês cada imagem e vês cada coisa a sair, elas podem não ser exatamente o mesmo”, disse Gaga. “Eu não sou definida pelo mesmo designer, ou definida pelo mesmo corte de cabelo, ou definida pelo mesmo ícone. A afirmação é que eu não sou um ícone. Eu sou todos os ícones. Eu sou um ícone que é feito de todas as cores da paleta, a todo o momento. Eu não tenho restrições. Sem restrições”. Bem, talvez uma restrição: Gaga mencionou colaborações artísticas com Robert Wilson para os VMAs, mas recusou dar outros nomes, além dos já divulgados, Marina Abramovic e Jeff Koons.

Se Gaga procura evitar a rotulagem da moda e da componente visual de ARTPOP, foi profundamente considerada estratégia, começando a partir das imagens que já estão em circulação, como a capa da edição de Setembro da V Magazine, e novamente a sessão fotográfica de Van Lamsweerde e Matadin mostrando a estrela completamente nua. “Há sempre uma sensação de tirar a roupa e voltar a vestir. Esse é o processo que ela está a atravessar”, diz Inez. “Eu sempre digo: “Olha pra ti. Tu és incrivelmente bela, aceita. Não tentes esconder o rosto, apenas brilha.” Para ela, é uma parte que não está escondendo atrás das perucas e óculos e todo o tipo de coisas.” O estilista e diretor de moda Maxwell também dedicou-se em algumas reflexões filosóficas sobre a direção: “Eu acho que, desta vez, trata-se de deixar algo para traz e levar o foco para a música, porque agora ela está confortável em ficar nua e ser quem é. O mundo já viu tudo. Mas ela também reconhece que haverá roupas, a maioria delas personalizadas. Alexander Wang criou algumas delas. Maxwell também mencionou que Versace, Armani, Hedi Slimane ainda estão em fase de criação, tais como Mila Schön que criou algumas para “Applause. “É mais atenuado e elegante”, diz Maxwell. “Mas também estamos a criar trajes de materiais que normalmente não seriam usados, como plástico. Mas é claro, eles tem que ser muito bem costurados e limpos. Talvez ela use apenas algo simples e um invólucro na cabeça como ela está usando aqui, mas nós queremos fazer loucuras no rosto".

Então, há pistas para o novo visual de Lady Gaga, mas e sobre como ARTPOP soará? Será também reduzido e minimalista? Não necessariamente. “É a verdadeira Gaga”, diz Inez. “Você não pode tirar isso da sua cabeça”.

E é isto de detalhes. Little Monsters terão que esperar pelos VMAs, para ver o que a mulher que ficou famosa com a chegada num “ovo” nos Grammys em 2011 tem em mente. “Eu estou enviando um doppelgänger”, disse. “Irei este ano como um ovo frito, invés de ovo cozido”.

Tradução e adaptação:
LadyGaga-Portugal